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Você é uma pessoa resiliente?

Você já se questionou a respeito do seu nível de resiliência? Já observou atentamente a sua reação e o seu padrão de comportamento diante das dificuldades e das coisas que não saem exatamente do jeito que você planejou? Talvez essa seja uma boa oportunidade.

Nos dias de hoje, é bastante comum ver pessoas que se preocupam, excessivamente, com coisas banais; são exigentes consigo mesmas e com todos os que estão à sua volta; cobram-se, severamente, para que todas as atividades sejam realizadas com perfeição; têm pressa em tudo que fazem; irritam-se facilmente no trânsito; têm dificuldades para expressar as coisas que as aborrecem; raramente organizam- -se para tirar férias e curtir as horas de lazer com a família; e apresentam dificuldade para lidar com mudanças repentinas.

Caso alguma dessas situações tenha relação com você, ou com a sua forma de agir e viver a vida, acredito que as informações que seguem serão de grande valia.

O termo resiliência vem sendo usado com grande frequência no ambiente corporativo. Um número cada vez maior de empresas inclui essa competência no perfil que orienta a busca de novos profissionais no mercado e, além disso, as próprias empresas demonstram estar engajadas na busca da resiliência, para que se tornem capazes de enfrentar crises de maneira assertiva, saindo de forma renovada e fortalecida.

Já faz algum tempo que a área de Gestão de Pessoas se apropriou desse conceito e, neste artigo, pretendo provocar reflexões acerca do seu real significado e, principalmente, sobre a sua aplicação no nosso dia a dia. Adquirir uma postura mais resiliente não traz só benefícios para nossa atuação profissional, indo mais além, as pessoas resilientes parecem viver mais e melhor.

No universo do comportamento, a resiliência está relacionada à capacidade de lidar com adversidades de maneira eficiente e com uma importante vantagem: após passar por determinadas situações adversas, as pessoas resilientes podem conquistar uma versão ainda melhor de si mesmas.

Trata-se de uma competência que nos permite superar as adversidades, transformando experiências negativas em aprendizado e oportunidade de mudança. É a capacidade de suportar bem a pressão, ser flexível e usar a criatividade para resolver problemas. Usando a sempre poderosa filosofia do dia a dia, a pessoa

Resiliência é um termo utilizado na física, para designar a capacidade que alguns materiais possuem de absorver impactos e retornar à sua forma original.

resiliente é aquela que “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima” ou ainda, aquelas que possuem a “postura bambu”, que enverga, mas não quebra.

Estudos revelam que o profissional de hoje se depara, em média, com 23 adversidades por dia. Nesse contexto, encontram- se os problemas no trabalho, de saúde, financeiros ou de relacionamento, trânsito, falta de tempo etc. A reação que apresentamos frente a cada uma dessas adversidades está diretamente relacionada ao nosso nível de resiliência. Por isso, é fundamental adquirir novos conhecimentos e habilidades, que nos permitam reagir de forma mais efetiva. Outro dado relevante é a pesquisa geral sobre liderança, que aponta que 75% dos grandes líderes mundiais tiveram uma história de vida bastante difícil e, desde muito cedo, viveram grandes adversidades. O melhor exemplo disso, em minha opinião, é a trajetória de Viktor Frankl, médico psiquiátrico austríaco, que hoje é reconhecido mundialmente como o principal ícone de resiliência. Além de ter sobrevivido aos horrores do campo de concentração de Auschwitz, durante a Segunda Guerra Mundial, conseguiu preservar a sua sanidade mental e as suas brilhantes capacidades cognitivas a ponto de desenvolver, dentro do campo, uma das mais eficazes abordagens dentro da terapia psicológica, a logoterapia – a cura através do sentido.

Outro exemplo é o físico britânico Stephen Hawking, que aos 21 anos de idade foi acometido pela Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma rara doença degenerativa que ainda não tem cura e paralisa os músculos do corpo sem, no entanto, atingir as funções cerebrais. Apesar de todas as suas limitações físicas, Stephen Hawking jamais parou com as suas pesquisas e tem contribuído de maneira excepcional para os avanços científicos no campo da física.

Não poderia deixar de incluir aqui a história do Maestro João Carlos Martins, um brasileiro que fez muito sucesso no mundo da música clássica e é considerado um dos principais intérpretes do maior compositor de música erudita, Johan Sebastian Bach. Apesar de ter vivido inúmeras adversidades envolvendo as suas mãos, tão essenciais à vida de um pianista, ele continua emocionando as pessoas com sua música e levando o talento brasileiro a lugares onde talvez ele jamais chegaria. Mas, afinal, o que as pessoas têm de diferente? O que permite que elas superem as suas dificuldades e ainda consigam resultados tão impressionantes? A resposta já foi dada: a resiliência, a atitude que elas escolheram para enfrentar a adversidade.

Não somos responsáveis pelo que nos acontece, mas somos inteiramente responsáveis pela nossa forma de reagir ao que nos acontece.

É importante observar esses modelos, conhecer melhor essas histórias para que possamos aprender e acrescentar alguns comportamentos na nossa vida diária. Mas é ainda mais importante estar atento aos elementos que favorecem o desenvolvimento e o aprimoramento da resiliência. À medida que esses elementos se fizerem presentes no nosso comportamento, quando estivermos diante de uma dificuldade, maior será o nível de resiliência.

O primeiro elemento é a experiência de controle. Sabemos que determinadas situações se mostram tão difíceis e complexas, que as pessoas acabam escolhendo a inércia como resposta e agem como vítimas. Mas sempre existe algo que pode ser feito, sempre existe uma parte do problema que pode ser alterada, mesmo que seja pequena. Ter experiência de controle significa manter o foco no que pode ser alterado, ao invés de mantê-lo no que é imutável, é ter a habilidade de controlar sua resposta ao que aparecer.

O segundo elemento é a capacidade de assumir responsabilidade. Reconhecer a própria responsabilidade na situação e exercer de fato seu papel. Agir, ao invés de procurar culpados. As pessoas de baixa resiliência tendem a achar que tudo é culpa sua ou de alguém. Mas, infelizmente, encontrar culpados não nos permite encontrar a solução do problema. Qual é a sua tendência de ação quando algo errado acontece? Essa é uma boa maneira de analisar como está a sua capacidade de assumir responsabilidade.

O terceiro elemento é a capacidade de limitar o alcance do problema, isto é, evitar que ele afete outras áreas, que assuma uma dimensão maior do que a real ou faça com que a vida toda fique sem saída. Existe uma frase que diz “o problema tem o tamanho que damos a ele”. Algumas pessoas são peritas na arte de “fazer tempestade em copo d’água” e “catastrofizar” todas as situações.

O quarto e último elemento é a correta percepção frente à duração do problema. Você já reparou que tudo, tudo mesmo, passa? As pessoas de baixa resiliência tendem a acreditar que o problema vai durar muito ou para sempre. Já as pessoas resilientes normalmente conseguem enxergar além da adversidade e isso, por si só, já funciona como estímulo para que assumam o controle e a responsabilidade que lhes cabe na situação.

Problemas sempre existirão. O segredo é aprendermos a lidar com eles de forma diferente. Gostaria de finalizar deixando uma frase de Viktor Frankl para a sua inspiração: “Tudo pode ser tirado de um homem exceto uma coisa: a última de suas liberdades – escolher sua atitude em um determinado arranjo circunstancial, a escolha do seu próprio caminho”. Um grande abraço e até breve.


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