O líder no papel de coach

A liderança do tipo coach é considerada, hoje, como a mais assertiva postura para influenciar positivamente as pessoas, extrair delas o seu melhor potencial e construir um futuro sustentável em termos de desenvolvimento.

Uma das minhas principais crenças sobre liderança reside no fato de que o real compromisso de um líder não é fazer com que as pessoas sejam mais do que elas são, mas sim fazer com que elas sejam tudo o que elas são. No entanto, este desafio não se destina a qualquer tipo de líder. Apenas os líderes que assumem verdadeiramente a responsabilidade pelo desenvolvimento de seus seguidores que poderão colecionar esse feito.

A liderança do tipo coach é considerada, hoje, como a mais assertiva postura para influenciar positivamente as pessoas, extrair delas o seu melhor potencial e construir um futuro sustentável em termos de desenvolvimento. Essa conexão com o futuro é muito importante, pois com a velocidade das mudanças, com o avanço da tecnologia e com a complexidade dos cenários, as pessoas precisam ser preparadas para um mundo que ainda não foi inventado e serem capazes de tomar as melhores decisões.

Em uma rápida analogia, podemos dizer que, no passado, os líderes jogavam dama, competição em que, praticamente, todas as peças tinham que ser movimentadas da mesma forma. Os líderes do presente jogam xadrez, isto é, cada peça tem o seu movimento próprio e é parte integrante de uma estratégia maior. Mas qual será o jogo do futuro? Quais serão as regras? Quais serão os movimentos? Se a realidade será diferente, é absolutamente natural que a liderança também o seja. Novos cenários requerem novas competências.

A palavra coach é um termo em inglês que significa técnico, treinador, aquele que capacita e qualifica as pessoas para que possam atingir níveis mais elevados de desempenho. No mundo esportivo, esse termo é bastante comum e tem a função de incentivar e ajudar os atletas a alcançarem os melhores resultados através do desenvolvimento de novas habilidades. No universo das organizações, está relacionado a alguém que está sempre pronto a estimular as pessoas a fazerem o que realmente precisa ser feito para o alcance das metas e objetivos; alguém que proporciona o desenvolvimento necessário antes de cobrar a performance, alguém que amplia a visão para as diversas possibilidades existentes, ao invés de olhar para os erros cometidos no passado, maximizando as oportunidades de aprendizado. Ou seja, alguém que cria condições para que as pessoas se desenvolvam, fortalecendo sua iniciativa, criatividade e autonomia.

Este é um novo modelo de liderança que busca criar uma relação de apoio e confiança com os seguidores e que, sobretudo, permanece pautada em valores sólidos e consistentes. Se você deseja atingir esse patamar e causar um impacto positivo tanto na organização, quanto na vida das pessoas, fique atento às principais características de um líder que exerce o papel de coach.

Atue como um parceiro estratégico, um professor. O líder deve fornecer tudo aquilo que a pessoa precisa para apresentar um desempenho satisfatório, desde informação até conhecimento compartilhado, tempo, atenção, genuíno interesse, escuta ativa, orientação clara e objetiva, capacitação e acompanhamento. Transforme paradigmas.

Ajude as pessoas a questionarem, frequentemente, as próprias crenças e modelos mentais, especialmente aqueles que se convertem em obstáculos para o seu desenvolvimento. Não é difícil perceber que, diante de situações complexas ou estressantes, as pessoas se tornam reféns das próprias crenças e criam limitações que as impedem de ter acesso ao seu melhor desempenho. Certamente, você já se deparou com as famosas frases “As coisas sempre foram assim por aqui…”, “Esse departamento sempre foi um problema…”, “Não adianta tentar fazer de outro jeito…”, “Meu desempenho nunca será reconhecido corretamente…”, por isso é fundamental que o líder as ajude a desconstruir essas crenças, transformando- -as em novas oportunidades de aprendizado.

Invista no desenvolvimento pessoal dos seguidores. Muitos líderes investem boa parte do seu tempo “equipando” as pessoas, ou seja, fornecendo informações e instruções sobre como executar o trabalho e acreditam que, desta forma, estejam proporcionando desenvolvimento. No entanto, equipar não é desenvolver, equipar é função obrigatória, é o mínimo que o líder pode fazer para que a pessoa possa executar seu trabalho. O desenvolvimento sim é um desafio. Desenvolver alguém sob o ponto de vista pessoal significa trabalhar com metas bem estabelecidas e planos de ação eficazes para o aprendizado de novas competências comportamentais que transcendam à execução das atividades diárias e possam ser utilizadas em qualquer situação.

Saiba estabelecer metas com eficácia. “Vender mais”, “melhorar o desempenho”, “se esforçar”, “ser mais comprometido” não são metas. Uma meta, seja de desempenho ou comportamento, precisa ser clara e objetiva, com indicadores específicos, mensuráveis, alcançáveis e, acima de tudo, relevantes para o desenvolvimento da pessoa. Além disso, um líder que conduz as pessoas com metas no lugar de tarefas aumenta o engajamento delas na busca por soluções e faz com que se tornem responsáveis pela tomada das decisões.

Ajude as pessoas a encontrarem as próprias soluções. Quando você for abordado por uma pessoa que esteja com dúvida ou dificuldade no trabalho, faça mais perguntas ao invés de dar respostas. Se você disser o que e como fazer, vai tirar a responsabilidade da pessoa diante do problema e, consequentemente, criar um clima de acomodação e dependência. Lembre-se, perguntas fazem pensar e podem construir pontos de vista diferentes e inovadores.

Dê bons exemplos. “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” é a pior armadilha para a credibilidade de um líder.

Dê bons exemplos. “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” é a pior armadilha para a credibilidade de um líder. Liderança é um fenômeno pautado em atitudes, não em palavras. Se você faz grandes discursos sobre seus valores e competências e não oferece exemplos reais no seu comportamento, vai construir uma imagem incoerente e, como consequência, não vai conquistar a admiração e o respeito dos seus seguidores. Vale lembrar que um verdadeiro líder é aquele que tem seguidores voluntários e as pessoas só seguem voluntariamente quem admiram e respeitam.

Forme novos líderes. Raplh Nader diz que “a função da liderança é produzir mais líderes, não mais seguidores”. Ajude as pessoas a conquistarem níveis mais elevados de confiança e maturidade, encoraje-as a utilizarem suas competências e superarem a si mesmas. Um verdadeiro líder não teme ser superado por sua equipe, muito pelo contrário, essa é a maior evidência de sua capacidade.

Trate as pessoas como campeãs. Reflita um pouco sobre essas seguintes questões. Que tipo de líder consegue que você se esforce mais: o que acredita que você é um vencedor ou o que acredita que você é um perdedor? Com que tipo de líder você aprende mais e melhor: com aquele que te considera capaz ou com o que não acredita no seu potencial? Se você cultivar uma visão construtiva das pessoas com que trabalha, é bastante provável que elas lhe entreguem mais e lhe sigam voluntariamente. Manter uma atitude positiva e edificante no relacionamento com as pessoas cria um ambiente favorável à aprendizagem e ao desenvolvimento.

Quero terminar essa reflexão com uma citação de Goethe que, para mim, é a mais inspiradora para o desenvolvimento humano. “Se você tratar as pessoas como elas são, as fará piores. Se você tratar as pessoas como elas deveriam ser tratadas, você ajudará para que elas se tornem o que elas são capazes de se tornarem”. Espero que ela tenha o mesmo efeito sobre você.

Um grande abraço e até breve.