A internet das coisas: Um passeio pelas nuvens!
À medida que os fabricantes transformam informações sobre produtos e serviços em dados digitais – fazendo uso da internet –, as fronteiras geográficas tornam-se cada vez menores.
Era uma vez um produto físico. Este produto passou por uma representação virtual, que foi utilizada pela engenharia, chão de fábrica, serviços e manutenção. À medida que os fabricantes transformam informações sobre produtos e serviços em dados digitais – fazendo uso da internet –, as fronteiras geográficas tornam-se cada vez menores. Então, este produto que está aqui passa por um processo de globalização e personalização, porque cada pessoa ou país usa o produto de um jeito, seja por questões culturais, regulamentações ou, simplesmente, porque, em um exemplo básico, carro no Brasil tem que ser PP: prata ou preto, não importa. Vai saber; parece que carros coloridos aqui não tem vez. Isto é praticamente uma norma.
Este produto, que agora é fisico, tangível, global e customizado, pode estar exposto a normas que vão de segurança à saúde e podem envolver o consumo de água em sua produção, os componentes de sua lista de material, enfim, regulamentações que variam de país para país no intuito de que seja aceito e comercializado. À medida que os fabricantes procuram diferenciação através de mercados globais, eles são compelidos a oferecer mais opções para os clientes. É preciso entender como o mercado quer este produto, e é preciso realizar uma adaptação eficiente de produtos e serviços para acomodar preferências regionais e pessoais. O uso que as pessoas fazem de um telefone celular, por exemplo, é muito diferente do que se fazia há 10, 15 anos. O modo como jovens e adultos usam o mesmo celular é distinto; talvez os jovens usem da mesma forma aqui ou no Japão, mas os adultos talvez tenham uma relação diferente com este dispositivo multitarefa em qualquer parte do mundo. Os jovens, praticamente, fazem de tudo com este aparelho, menos fazer e receber ligações, mas eles se comunicam e muito.
Conforme os fabricantes procuram atender de forma eficiente a diversidade cada vez maior das demandas do mercado, eles se voltam mais para o software. Por quê? Ora, porque o software está em todo o lugar, não é físico, tem uma logística diferente, está não apenas no computador que usamos no escritório, mas em todas as coisas que usamos no dia a dia, desde um celular a uma geladeira, um carro, ou uma máquina fotográfica. Estes produtos fazem uso intensivo de aplicativos que os tornam atualizados, seguros e, acima de tudo, inteligentes – armazenam conhecimento –, é como se tivessem uma função além daquilo que foi adquirido. Aliás, aquele produto físico lá do início conta com software, mas também hardware que cria uma curiosa interação homem- -máquina, porque ambos coletam dados, podem fazer diagnósticos e capturam informação relevante que é levada ao fabricante – e analisada para que o usuário possa ter uma experiência melhor, mais rica e mais segura. Imagine o quanto de software embarcado existe dentro de um carro, por exemplo.
Estas informações tem o objetivo de promover ações proativas ou preditivas que fazem com que o fabricante, e não o cliente, se preocupe com a forma com que este produto será utilizado. É como se o fabricante chamasse para si a responsabilidade pela manutenção e suporte ao produto antes do usuário precisar deles. Nosso produto físico está ficando inteligente e conectado – seja a uma central de serviços, seja ao fabricante, seja a um provedor de serviços, evidentemente com o uso essencial de sistema de hardware e software (e todas as suas mais recentes versões, updates e upgrades envolvidas no processo).
Enquanto os fabricantes fornecem valor através de produtos inteligentes, novos modelos de negócios com foco em serviços surgem no mercado. A servitização no ambiente de manufatura gerou uma mudança fundamental nos modelos de negócios, nos quais os produtos evoluem para “pacotes” integrados de serviços capazes de proporcionar novos valores ao longo do ciclo de vida da experiência do cliente. Se antes os serviços agregavam valor aos produtos, estes agora são meros intermediários para uma extensa gama de serviços que gera um contínuo fluxo de caixa para indústrias de, virtualmente, qualquer segmento. Um exemplo comum é nossa TV que, praticamente, é um item sem vida se não tiver um serviço de TV a cabo pela qual possamos ter acesso ao lazer. Evidentemente que cada vez mais os aparelhos são sofisticados, com recursos fantásticos, mas ainda assim meros receptores de imagens que são enviadas por um provedor (serviço). Pagamos por isto. A televisão pode ser paga à vista, mas a conta da TV a cabo é um serviço contínuo, certo? Olhe sua fatura e veja quanto você comprou de serviços extras de sua provedora.
À medida que os fabricantes buscam oferecer mais valor com produtos cada vez mais inteligentes, eles também adicionam conectividade a esses produtos. Dessa forma, eles são físicos, inteligentes e conectados. A Gartner, consultoria de tecnologia, prevê que até 2022 cada casa terá mais de 500 produtos conectados. Isto envolve uma rede disseminada de “coisas” com sensores integrados e endereçáveis individualmente para possibilitar monitoramento, controle e comunicação sofisticados. Ora, se esta previsão se concretizar, 500 produtos vão ter que nascer com um DNA que se conecte a outros, criando um nicho de mercado que tem início no desenvolvimento de produtos e que envolve uma oferfa de serviços fantástica.
Os fabricantes devem repensar os processos para maximizar o retorno ao longo de toda a vida útil do produto, e não apenas até o ponto de venda.
Como isto acontece? Agora, entramos no ambiente da internet das coisas, um novo mundo – não tão novo assim, na realidade. Esta fronteira tem, pelo menos, três aspectos muito claros: i) Transforma o modo como os produtos são feitos. É preciso planejar e desenvolver plataformas flexíveis que permitam que a personalização, os serviços com valor agregado e os aperfeiçoamentos em produtos sejam entregues remotamente antes e depois do lançamento do produto no mercado. É necessário pensar na complexidade criada pela combinação de processadores, sensores, software, interfaces do usuário e conectividade e entregar uma experiência muito simples e rica ao usuário. ii) Altera o modo como a manutenção dos produtos é feita. Os fabricantes devem planejar e entregar, remotamente, atualizações de software e serviços com o mínimo de interrupção para o cliente e a um custo mínimo, claro.
iii) Talvez o mais importante destes três aspectos seja a grande transformação dos modelos de negócio: os fabricantes devem repensar os processos para maximizar o retorno ao longo de toda a vida útil do produto, e não apenas até o ponto de venda. Precisam fazer o planejamento visando a complexidade cada vez maior do ecossistema de parceiros e fornecedores e considerar as oportunidades e ameaças criadas. Precisam capturar e analisar dados de produtos para prever as necessidades de manutenção dos produtos e os desejos dos usuários por serviços e recursos adicionais. Deverá agregar novos parceiros a seus negócios, tudo para agradar seu precioso ativo: nós, que compramos os seus produtos.
Basicamente, é uma relação ganha- -ganha extremamente atraente. Ganham fabricantes que têm a oportunidade de desenvolver, vender, operar e dar suporte a seus produtos de uma forma extremamente complexa, mas rápida, e ganha o usuário que tem a vantagem de comprar um produto com serviços que ele nem imagina. E o melhor, este produto pode economizar nosso tempo, pode ajudar a gerenciar nossa saúde e pode até monitorar o óleo do nosso carro. Conectar coisas que conversam entre si e enviar esta informação para uma “nuvem” é uma atividade sem fim e aberta a criatividade – mas com certeza já está acontecendo. A nuvem, o grande repositório de todas estas informações, não tem limite.
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