SU Samputensili expande negócios no Brasil via ‘joint venture’ com a Star Cutter
Em junho desse ano, a tradicional fabricante de ferramentas para corte de dentes de engrenagens passou a utilizar a logomarca Star SU, ampliando assim o leque de soluções de seu catálogo de produtos. Com linhas de ferramentas e máquinas que se complementam, as empresas esperam consolidar ao Sul do continente o mesmo êxito que obtiveram com a parceria na América do Norte.
Aempresa pertence ao Grupo Maccaferri. A família Maccaferri tem origem na metade do século XVI em Sacerno – Itália, quando um rapaz de 14 anos se destacou no Colégio da Arte dos Ferreiros e recebeu o apelido de Maccaferri – aquele que bate os ferros, que viria a se tornar o seu próprio sobrenome. Desde então, a família vem atuando em vários segmentos industriais, dentre eles o da manufatura, envolvendo-se até na produção de artefatos artísticos em ferro, para a construção de portões e grades, e na fabricação de gabiões (cubos de tela preenchidos por pedra asfáltica), muito utilizados no reforço de encostas e canalizações de rios – outra área de negócios do grupo no Brasil. Entre os investimentos de maior êxito do grupo, encontra-se a SU Samputensili, especializada na fabricação de ferramentas para corte de engrenagens, que aportou no Brasil na década de 70, visando as oportunidades que a indústria nacional, principalmente do setor automotivo, abria para as suas linhas de produtos, além do incentivo dado pelos crescentes resultados em vendas que sua primeira representante local vinha obtendo desde meados dos anos 60.
A história da empresa em território nacional teve um impulso, quando Francesco Allevato, um imigrante Calabrês do pós-guerra, que havia aberto uma fábrica de engrenagens no Rio de Janeiro, ao visitar a matriz da SU em Bolonha, recomendou-lhes o nome de Arlindo Casagrande por ser este um renomado especialista no campo da construção e aplicação de engrenagens no mercado brasileiro, fazendo com que a fabricante Italiana visse nesse profissional um possível agente para ajuda-los a instalar uma subsidiária nesse lado do Atlântico.
Casagrande, com suas pesquisas de mercado, levantou alternativas a fim de facilitar o processo de tomada de decisões da matriz. Em março de 1974, os senhores Guglielmo e Angelo Macaferri, juntamente com Paolo Boni, Carlo Occhialini e Dante Atti, definiram Jundiaí, cidade importante no polo industrial do estado de São Paulo, como local para a instalação da filial da empresa e tiveram grande facilidade em encontrar mão de obra especializada, assim como área para a construção da fábrica.
Nomeado diretor, Arlindo Casagrande contratou Claudio da Silva Noffs como gerente técnico. Da Itália, vieram Alfredo Antônio Daniele, com o intuito de iniciar a produção das ferramentas, e Luciano Profeta e Rafaele Dinunzio, com a finalidade de treinar e transferir know- -how e expertise para a fabricação das ferramentas. Como se sabe, acabamento e precisão de encaixe são fundamentais para a diminuição dos níveis de ruídos e longevidade de qualquer equipamento movido por engrenagens.
Em agosto de 1976, iniciou-se a produção com as operações de acabamento de cortadores Fellows, que chegavam da matriz já temperados. Antônio Cordone, atual diretor geral, chegou em 1977 com o encargo de implementar e gerir o laboratório de controle metalográfico e a área de tratamento térmico, setores fundamentais na fabricação de ferramentas de alta performance. A vinda de Cordone para o Brasil conferiu maior autonomia à subsidiária brasileira.
À medida que novas máquinas chegavam da Itália, com o laboratório metalográfico e tratamento térmico em pleno funcionamento, a linha de produção foi se diversificando. Com o passar do tempo, iniciaram também a fabricação de máquinas para chanfrar e rebarbar engrenagens nos modelos SCT e MCR, além de engrenômetros. Ao final da década de 80, a empresa já trabalhava com máquinas CNC. Com a preocupação de manter-se na vanguarda tecnológica, ao longo dos anos 90 providenciou o retrofitting de várias de suas máquinas, alinhando-se com os progressos tecnológicos da matriz, obtendo autonomia para desenvolver seus próprios projetos e, por vezes, participando de outros em parceria com empresas consorciadas ou com seus pares italianos. O contínuo crescimento da indústria automobilística no Brasil motivou a ampliação da capacidade produtiva dada a boa penetração no seguimento. Deste modo, viabilizou a exportação de sua linha de produtos para mercados como EUA, Japão e Itália. A empresa, desde 1997, é certificada ISO 9002.
Em todas as unidades, há uma parceria comercial, porém, no Brasil e em Tawas nos EUA, as duas empresas são efetivamente sócias: 50% – 50%. Assim, partilham dois centros de serviços, um no México – em Queretaro – e outro nos EUA, contabilizando quatro plantas em que partilham, meio a meio, custos e responsabilidades. Presentemente, considerando-se o resultado dos negócios de máquinas e de ferramentas somados à Star SU, em termos globais ostenta um turnover acima dos USD 200 milhões.
A subsidiária brasileira da SU reconhece a grande colaboração de especialistas vindos da matriz, que contribuíram para a empresa manter a qualidade dos produtos feitos na Itália. Entre estas pessoas, a atual diretoria faz questão de ressaltar as colaborações de Bruno Mancinelli, Roberto Mandelli, Umberto Tomei, Piero Tamburini, Stefano Salmi e o diretor geral Ing. Carlo Occhielini.
O êxito dessa associação levou a empresa a mudar a razão social da SU Samputensili no Brasil para Star SU, fato consolidado recentemente em junho deste ano. A união das duas empresas possibilitou formar uma organização comercial independente, responsável por vendas e distribuição de máquinas e ferramentas de corte, com alto nível tecnológico, em todo o mercado Norte Americano. Com as recentes decisões, envolvendo agora o nosso mercado e, com isso, expandindo a cooperação entre essas empresas, espera-se aumentar a presença de ambas as marcas, Star e SU, no mercado Sul Americano, ampliando o portfólio de ferramentas e beneficiando as ofertas de máquinas nessa região.
Às linhas de ferramentas SU que abrangem praticamente todos os tipos de ferramentas para o corte de dentes de engrenagens (fresas caracol, cortadores shaper e shaving), foi acrescentado o portfólio de produtos da Star; que abrange uma ampla variedade de brocas canhão, alargadores e ferramentas especiais, blanks de metal duro, além de máquinas afiadoras de ferramentas. Juntas, as empresas aprimoram os serviços de gerenciamento de ferramentas que inclui: reafiação, reperfilamento e revestimento com finas camadas de nitreto de titânio, por exemplo. Neste sentido, a empresa estabeleceu parceria com a Oerlikon Balzers para instalar um posto avançado na planta da Star SU, visando executar serviços de revestimento. Isso facilitou o processo logístico e, provavelmente, tem reduzido custos.
Para Antonio Cordone “os investimentos nos processos produtivos, ou seja, em máquinas de alta tecnologia, é uma condição intrínseca a qualquer empresa que deseje se manter na liderança do mercado. Contudo, isso não basta. É necessário ter visão estratégica quanto à gestão de negócios de modo geral. Cada vez mais é preciso que se ofereça aos clientes soluções completas e competitivas. Para tanto, é estratégico fazer alianças com outros fornecedores, a fim de fortalecer o posicionamento e participação de mercado do grupo de associados como um todo”. Nesse caso, a máxima popular de que “uma andorinha só não faz verão” faz muito sentido. Uma empresa excelente e certificada que não seja capaz de cobrir as necessidades de seus clientes na execução de um determinado serviço, produzir engrenagens, por exemplo, perderá espaço para outro fornecedor que o faça.
Verticalizar uma empresa é muito mais custoso. Estabelecer parcerias, horizontalizando e unindo expertises de dois ou mais fabricantes, pode gerar resultados superiores a custos mais viáveis. Em outras palavras, a sinergia entre os sócios pode fazer com que o somatório de 1+1 seja igual a 3! Por outro lado, é imprescindível ser uma empresa atrativa para se obter êxito no estabelecimento de parcerias mais favoráveis ao desenvolvimento de novos negócios.
Verticalizar uma empresa é muito mais custoso. Estabelecer parcerias, horizontalizando e unindo expertises de dois ou mais fabricantes, pode gerar resultados superiores a custos mais viáveis. Em outras palavras, a sinergia entre os sócios pode fazer com que o somatório de 1+1 seja igual a 3! Por outro lado, é imprescindível ser uma empresa atrativa para se obter êxito no estabelecimento de parcerias mais favoráveis ao desenvolvimento de novos negócios.
Para Cordone, atualmente a sociedade Star SU possibilita que ambas as empresas se fortaleçam, pois têm condições de assumir mais responsabilidades juntos aos clientes e propor soluções que se complementam, já que a Star, além das ferramentas rotativas em metal duro, fabrica também máquinas, que ampliam a cobertura de necessidades até então disponibilizadas pelos catálogos de ferramentas SU. O executivo reforça que, independentemente do tamanho ou nacionalidade de empresas, as parcerias estratégicas constituem uma das alternativas de sucesso das quais não se pode abrir mão; principalmente, em face do atual cenário econômico, tanto local quanto mundial. Ele também deixou claro que a atual joint venture visa atender o Brasil e demais mercados das Américas. A possibilidade de atender vários mercados diminui a dependência da empresa quanto ao desempenho da economia local, ainda que o Brasil seja um dos mercados mais importantes.
É costume dizer que a economia brasileira começa a se mover apenas depois do Carnaval, contudo, em 2014, parece que a indústria espera o fim da Copa do Mundo e depois ficará esperando o resultado das eleições! Ao ser indagado sobre isso, Cordone disse que as empresas que esperarem muito para agir podem não sobreviver até que todos esses eventos sejam concluídos. A maioria dos gestores nacionais sabe que o mercado brasileiro vive de altos e baixos e nem todos se sentem seguros para investir nos períodos de retração mercadológica. Por esse motivo, os mais corajosos levam vantagem quando a curva do desenvolvimento retoma a direção ascendente.
Alguns empresários consideram as exportações apenas quando o mercado interno está ruim e assim que este se recupera abandonam os clientes externos consolidados no período. Sem dúvida, para desenvolver e manter uma carteira de clientes externos, é vital que o processo tenha continuidade. Quem compra um produto importado do Brasil e depois é deixado de lado, sem assistência técnica, sem entrega, sem reposição, tende a desenvolver aversão pelo produto brasileiro, não repetindo a compra. Segundo Cordone, houve situações internas em que as exportações foram muito importantes para garantir a continuidade das operações da empresa no país. Por isso, sempre trataram com muito zelo os seus clientes, sejam locais ou não. A joint venture Star SU, portanto, reforça esse pensamento, pois ambas as empresas, como diria Peter Drucker, há tempos, “agem local, todavia, pensando sempre global”.
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